Pregação na África (Parte I)

Purushatraya Swami

Bhakti Caitanya Maharaj, GBC da África do Sul, convidou-me para participar da pregação que ele e um grupo de devotos da África do Sul fazem, anualmente, em Moçambique. Em Moçambique, antiga colônia de Portugal na costa leste da África, o idioma corrente é o português. Dentro de dez dias estarei indo para lá. Antes, porém, estou aproveitando para pregar pelos templos na África do Sul.

A África do Sul é um país relativamente grande, com quase cinqüenta milhões de habitantes. É um país bastante rico em recursos naturais e muito bem organizado. Sem dúvida, é o mais desenvolvido da África. Tem forte influência da Inglaterra. Tem, curiosamente, três capitais (Pretória, Johanesburg e Capetown), cada uma sediando um setor do governo. As cidades são limpas, sem grande concentrações urbanas e as estradas muito boas. Economicamente está mais ou menos equiparado ao Brasil. Tem, como nosso país, grandes problemas sociais, com focos de pobreza e desemprego, exclusivamente dentre a população negra. Por outro lado, a minoria branca abastada tem alto padrão material. Gandhi, o maestro da independência da Índia, vivia na África do Sul. Até 1994 o país estava sob o regime racista do ‘apartheid’, em que a minoria branca (menos de 10%) controlava tudo e não se misturavam com os outros segmentos raciais: a maioria nativa negra e uma grande comunidade de indianos, entre outros. Depois de sofrer severas pressões econômicas a nível mundial esse regime racista caiu. Hoje em dia, o país é democrático, mas ainda persiste, não como antes, mas informalmente, uma certa divisão racial: bairro dos brancos, bairro dos negros, bairro dos indianos, etc. Nos templos da Iskcon, todos sempre estiveram juntos, sem nenhuma distinção.

Estou no momento, na Cidade do Cabo (Capetown), no extremo sul do continente africano. Vocês se lembram do Cabo da Boa Esperança que Vasco da Gama cruzou no caminho para a Índia? Pois bem, é aqui mesmo. É uma região muito bela. Tem umas altas montanhas bem no meio da cidade. Perto do litoral existe a ilha em que Mandela esteve sete anos preso, antes de tornar-se o primeiro presidente eleito depois da queda do ‘apartheid’. Em Capetown, nos anos setenta, um médico famoso, Christian Barnard, fez a primeira operação no mundo de transplante de coração. A Universidade de Capetown é uma das melhores do mundo. Ali estudam dezenove mil estudantes vindos de todas as partes do mundo. Em suma, é uma cidade importante no mundo e ótimo campo de pregação.

(foto 1) Cabo da Boa Esperança, extremo sul do continente africano.

O templo Hare Krishna situa-se num bom lugar, próximo à Universidade de Capetown. É casa própria, um tanto antiga, mas bastante ampla. Moram atualmente dez devotos e devotas. No altar estão pequena deidades de Gaura-Nitai, Sri Sri Nitai-Mayapurcandra. A congregação é bastante atuante e mantém o templo financeiramente. Vários membros da congregação que fazem parte do conselho são da comunidade indiana, em geral, bem situados economicamente. No festival de domingo vêm umas quarenta pessoas.

(foto 2) Bhakta Rogers e Vraja Krishna das em frente ao templo.

(foto 3) Festival de domingo – Hora da Prasada.

(foto 4) Programa na Comunidade Hindu de Capetown.


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