Reflexões

Purushatraya Swami

Amor Próprio

“Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”, é a injunção do Decálogo. Uma chave para se por em prática esse mandamento é o amor próprio. Amar a si mesmo significa, entre outras coisas, querer o melhor para si. Qual é, então, o nosso melhor interesse? Nessa hora, a maioria das pessoas fazem a escolha errada ao pensar que adular o ego é o que há de melhor. Esquecem-se da alma, o ego verdadeiro, a essência individual eterna. Dessa maneira, não conseguem amar-se, conseqüentemente, não são capazes de verdadeiramente amar ao próximo, e o que dizer amar a Deus.

Sanidade Espiritual

Vida espiritual sã implica em ter olhos abertos para a realidade. Não é fuga da realidade, nem fantasias ou delírios. A pessoa sabe muito bem onde está pisando e não se deixa iludir. Sabe distinguir entre o que vale a pena e o que não vale a pena investir na vida. Não engana nem é enganada. Está atenta para não se deixar confundir entre ilusão e realidade. Espiritualidade genuína implica em conhecimento do eu, do mundo e de Deus. Não é algo caprichoso ou meramente sentimental . [Cuidado! Existem muitos produtos de imitação no mercado...]

A essência da espiritualidade genuína é a conexão entre a alma individual e a Alma Suprema, Deus, e essa relação é na base do amor e devoção. Estando, assim, consciente da realidade e em comunhão com Deus, pode-se experimentar auto-confiança, paz interior e felicidade plena, mesmo em meio a este mundo caótico.

Sucesso na Vida

Para a sociedade moderna, o referencial do sucesso na vida é dinheiro, fama e poder. De um modo geral, todos aspiram a isso e os jovens são educados nessa direção. Mas o ruim da história é que poucos conseguem chegar lá. Uma vez constatada a inviabilidade do tal ‘sucesso’, a opção geralmente que fica é a busca do conforto e entretenimento. Essa passa a ser a meta da vida para a maioria.

Em geral, aqueles que logram alcançar o tal ‘sucesso’ ficam intoxicados pelo próprio ‘sucesso’ e o ego incha. Mas, como tudo na vida tem um preço, o preço que se paga é alto— a absorção desmesurada no próprio ego leva, invariavelmente, a um total desleixo da contraparte espiritual da vida, e, como conseqüência, a alma definha.

Já a turma do conforto e entretenimento, distraídos com as amenidades da mídia televisada e atrações dos shoppings da moda, vêem-se sufocados por um interminável caudal de anseios fúteis. Essa vida fútil produz, inevitavelmente, embotamento e inércia espiritual. O tempo vai passando e a vida é assim tristemente desperdiçada. O que pode, então, resultar daí? Somente vazio e frustração.

O verdadeiro sucesso na vida é a auto-confiança, paz interior e felicidade plena que é conseguida com a saúde da alma e a íntima relação com Deus.

Semeando e Colhendo

Mesmo não aceitando os conceitos de karma e renascimento, considere: “Colhemos o que semeamos”. O que hoje somos, já é nossa colheita. O agricultor sensato separa os melhores grãos para serem usados como sementes no próximo plantio. De fato, temos nosso destino em nossas mãos. Agora está na hora de semear para a próxima safra. Temos que limpar e preparar bem o terreno (purificação), adubar (conhecimento espiritual) e regar regularmente (práticas espirituais). Boa colheita para todos!!

O Melhor Investimento

Definitivamente, a vida humana não deve ser desperdiçada com futilidades, com conquistas efêmeras, nem com atividades dedicadas exclusivamente à personalidade externa, pois essa, mais cedo ou mais tarde vai desaparecer e tudo referente a ela se perde. Certamente, o melhor investimento da vida é o aperfeiçoamento espiritual, o despertar da consciência espiritual, o cuidar da alma. O resultado do cultivo espiritual é a única coisa que fica desta vida e é o fator determinante da nossa próxima situação de vida, seja lá onde for. Uma coisa deve ficar bem clara: a personalidade e o corpo são falíveis e temporários, já a alma segue sua trajetória eterna rumo à suprema perfeição em seu habitat natural, a Transcendência.

Eternidade

A eternidade transcende o conceito de tempo. Não há passado, presente e futuro. é um estado pleno de existência, bem-aventurança e perfeição absoluta. Tudo é fresco, viçoso e de beleza infinita. Não há a hipótese de decrepitude.

Obviamente, esse não é o estado de existência que agora experimentamos. Aqui tudo é relativo e sujeito às dualidades: bom/mal, prazer/dor, etc. De fato, temporalidade, imperfeição, deterioração, limitação, sofrimento e morte são as marcas registradas deste mundo. Aqui o tempo está sempre marcando sua impiedosa e inexorável presença.

Mesmo assim, podemos, aqui mesmo, experimentar a eternidade, a liberdade, a perfeição e o êxtase espiritual se nossa consciência estiver em estreita união com Deus.

Partindo bem

Uma grande armadilha desse mundo são os apegos materiais. Muito cuidado com eles! Saiba lidar com eles. Uma vez que se instalam na consciência, eles prendem a consciência da pessoa a esse mundo e, com a morte, a separação e a ruptura das coisas e pessoas queridas produz uma carga emocional muito grande, que produz sofrimento atroz para a alma.

Como, então, podemos lidar com isso, visto que é natural sentir-se apegado aquilo que gostamos? Primeiramente, compreendendo bem a natureza transitória dessa vida e, depois, definindo bem a hora de ‘aposentar-se’. Depois de ter se dedicado a maior parte da vida às coisa desse mundo, prepare-se agora para a sua partida. Vá tirando, gradualmente, sua exclusiva atenção das coisas referentes ao corpo— negócios, entretenimentos, futilidades— e concentre-se no espírito. Recicle sua relação com Deus. Pare para meditar. Ocupe-se em práticas espirituais. E parta bem— solto, feliz, com a satisfação do dever cumprido, com a sensação de que valeu a pena ter vivido e até mesmo, curioso pelo que vem pela frente. Vá em frente confiante. Você não estará sozinho!

Seja o melhor! Se és cristão, sejas o melhor cristão; se és muçulmano, sejas o melhor; e assim por diante. Isso vale para o budista, o taoista, o hinduista, Hare Krishna, etc. O que é realmente mais importante é tornar-se consciente de Deus.

Amor a Deus

Todas as religiões genuínas falam em amar a Deus, mas poucas, realmente, ensinam o segredo de se conseguir isso. Vemos, hoje em dia, muitos adesivos dizendo “Deus é fiel”. Ele é fiel, mas, e você? Ele o ama, mas, para onde está direcionado seu amor? O amor tem duas vias, de lá para cá e daqui para lá. Se toda a sua energia de amor está canalizada para as coisas deste mundo sua relação com Deus está defeituosa ou, até, inexistente.

A consciência de Krishna é um processo genuíno de despertar o natural sentimento de amor a Deus. Esse sentimento, na verdade, já está presente no coração, mas, na maioria das pessoas, encontra-se adormecido. O maha-mantra Hare Krishna funciona como o despertador.


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